Todos os políticos são corruptos, irresponsáveis e ganham muito para não fazer nada. Esse é o pensamento que povoa a mente da Nação. Na internet circula a piada de que ao ouvir as piores adjetivações para os parlamentares em Brasília, a pessoa não deve ficar escandalizada. É que está sendo feita a chamada da presença, daí ouvirem-se as palavras ladrão, cafajeste, vigarista, estelionatário e outras. O paganismo acabou, mas ainda há pessoas que adoram a deusa fortuna. Uma sensação de impotência toma conta dos que trabalham sempre cumprindo as suas obrigações. Pensando bem, é muito triste que se chegue a esse baixo conceito coletivo. É uma injustiça. Porém, como alguém pode largar a sua profissão e ser político, passando a viver do que ganha? Aí começa um dilema prático, pois a maioria tem família e precisa sustentá-la. Com projetos, sonhos e tudo o que um cidadão ou cidadã comum almeja. Além do mais, cabe a nós, a cada eleição, escolher um bom candidato. O que ocorre, entretanto, é que quanto maior a divulgação de nomes desconsiderados são esses os escolhidos. Não importa que a notoriedade tenha vindo por conta de acusações as mais diversas, mesmo, depois, não sendo comprovadas. Então, o erro começa por nós, os eleitores. Se os políticos soubessem o que lhes seria atribuído pela sociedade, com certeza não concorreriam mais. Ainda assim, os adversários, na vida pública, contribuem mais do que se pensa para o aperfeiçoamento moral. É que eles são os historiadores dos erros, vícios e imperfeições dos dirigentes. Uma comparação que parece pertinente é com o presidente Barack Obama. Segundo os parâmetros tradicionais da sociedade, ele tinha tudo para dar errado na vida. Ainda criança, foi abandonado pelo pai. Depois, levado pela mãe e o padrasto, na pré-adolescência, para um país com outros costumes e cultura. Finalmente, acolhido pela avó materna, acabou vendo o poder que tinha com as palavras. Aos 47 anos, tornou-se o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e, hoje, é o Prêmio Nobel da Paz. Não pelo que fez, mas pelo que prometeu fazer. Lentamente, ruma para isso.
Mas, no Brasil, como se manter depois de 12, 16 ou 20 anos na vida pública? Voltar a exercer uma profissão? Retornar à empresa, como tentou Ildo Meneghetti e viu que seus negócios tinham desmoronado enquanto era governador? Aceitar ser secretário estadual disso ou daquilo, uma honra, mas um trabalho insano se levado a sério? Viajar, atender, ter paciência, enfrentar a burocracia inerente ao serviço público e, mesmo assim, manter o otimismo e a alegria de servir? Ah, se os jovens políticos soubessem o que os mais velhos aprenderam com um gosto amargo do fel da ingratidão, do esquecimento, da calúnia ou da difamação. Paradoxalmente, mais do que uma espanada retórica, depende dos políticos fazer a reforma que facilitará a retomada do conceito que quase todos merecem e que lhes levantará a autoestima tão castigada. Os políticos e todos nós devemos rir para que as coisas sejam reduzidas ao seu real tamanho e valor. Rir dos fracassos para que eles desapareçam nas nuvens de novos sonhos. Rir dos êxitos para que eles adquiram a sua verdadeira pequena dimensão. Rir do mal e da inveja para que ambos morram esquecidos. Entendam, políticos, que apenas com o sorriso e a felicidade poderão apreciar o fruto do trabalho. Caso contrário, o melhor é fracassar no início da jornada, uma vez que a felicidade é o vinho que aguça o sabor do alimento. Afinal, no Estado ou em Brasília, os maiores detratores dos políticos no poder são exatamente aqueles que pretendem governar.
Mas, no Brasil, como se manter depois de 12, 16 ou 20 anos na vida pública? Voltar a exercer uma profissão? Retornar à empresa, como tentou Ildo Meneghetti e viu que seus negócios tinham desmoronado enquanto era governador? Aceitar ser secretário estadual disso ou daquilo, uma honra, mas um trabalho insano se levado a sério? Viajar, atender, ter paciência, enfrentar a burocracia inerente ao serviço público e, mesmo assim, manter o otimismo e a alegria de servir? Ah, se os jovens políticos soubessem o que os mais velhos aprenderam com um gosto amargo do fel da ingratidão, do esquecimento, da calúnia ou da difamação. Paradoxalmente, mais do que uma espanada retórica, depende dos políticos fazer a reforma que facilitará a retomada do conceito que quase todos merecem e que lhes levantará a autoestima tão castigada. Os políticos e todos nós devemos rir para que as coisas sejam reduzidas ao seu real tamanho e valor. Rir dos fracassos para que eles desapareçam nas nuvens de novos sonhos. Rir dos êxitos para que eles adquiram a sua verdadeira pequena dimensão. Rir do mal e da inveja para que ambos morram esquecidos. Entendam, políticos, que apenas com o sorriso e a felicidade poderão apreciar o fruto do trabalho. Caso contrário, o melhor é fracassar no início da jornada, uma vez que a felicidade é o vinho que aguça o sabor do alimento. Afinal, no Estado ou em Brasília, os maiores detratores dos políticos no poder são exatamente aqueles que pretendem governar.
Editorial do Jornal do Comércio publicado em 13/10/2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário